Os Correios divulgaram na sexta-feira (30) as demonstrações financeiras do 1º trimestre de 2025 com um prejuízo de R$ 1,7 bilhão. Este é o pior começo de ano da empresa desde 2017, quando os dados começaram a ser divulgados.
O prejuízo é 115% maior do que o registrado no mesmo período de 2024, quando o déficit foi de R$ 801 milhões. Este é o décimo primeiro trimestre seguido de prejuízo dos Correios, nove deles foram sob a gestão do atual presidente, Fabiano Silva.
Confira os números no histórico oficial os Correios: 2017: Lucro de R$667 milhões
2018: Lucro de R$161 milhões
2019: Lucro de R$102 milhões
2020: Lucro de R$1,53 bilhão
2021: Lucro de R$2,3 bilhões
2022: Lucro de R$304 milhões
2023: Prejuízo de R$597 milhões
2024: Prejuízo de R$ 803 milhões
Mesmo com um resultado tão negativo, a empresa não justificou as causas e os impactos que o prejuízo auferido nos três primeiros meses do ano tiveram nas operações. Apenas justificou, em nota explicativa às demonstrações, que "a continuidade operacional para 2025 está assegurada".
Uma situação que preocupa a empresa é o fluxo de caixa. Em 2024 a situação econômica da empresa se agravou tanto que o presidente trocou a diretora económico-financeira no começo deste ano.
O principal fator é a redução da liquidez financeira da empresa.
De acordo com as Demonstrações Financeiras de 2024 divulgadas no começo do mês, a empresa utilizou R$ 2.9 bilhões do dinheiro que estava no caixa e em aplicações financeiras, totalizando 92% do que estava aplicado em 2023.
Na apresentação mais recente, deste trimestre, o valor caiu ainda mais, com a empresa apresentando apenas R$ 126 milhões para cumprir com suas obrigações financeiras mensais.
A empresa tomou dois empréstimos no final do ano passado, num total de R$ 550 milhões, justamente para tentar manter as operações normais, mas internamente fontes ouvidas pelo g1 apontam que a empresa espera tomar um novo empréstimo, de bilhões de reais, para conseguir continuar a operar.
Essa escassez de dinheiro faz com que os Correios atrasassem repasses e pagamentos aos envolvidos no processo de geração de receita da empresa.
Com isso, desde o começo de abril, transportadoras que prestam serviço para os Correios estão paralisadas ou trabalhando em um ritmo mais lento, o que resulta em uma demora maior para o envio e entrega de encomendas.
No começo do ano, a empresa também atrasou o repasse da comissão das agências conveniadas – franqueados que prestam serviço de recebimento e despacho de encomendas.
Outro serviço afetado foi os repasses da mantenedora ao plano de saúde dos funcionários, que acabou sendo prejudicado fazendo com que algumas redes hospitalares suspendessem o atendimento.
Em um trecho das notas explicativas apresentadas junto com as demonstrações financeiras, a empresa até aponta que não está fazendo os pagamentos conforme o acordo firmado, mas sim de acordo com as "disponibilidades financeiras".
Fonte: G1/ Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil